Existe algo dentro de nós que nos leva a agir de
uma forma que parece pouco inteligente e que prejudica a nossa vida, é uma
força interior que genericamente chamamos de "auto-sabotagem".
Coisas que podemos fazer para melhorar nossas
vidas, a maioria delas bem simples, muitas vezes adiamos indefinidamente: se
alimentar melhor, dormir um pouco mais cedo, praticar meia hora de exercício
por dia, beber água ao invés de refrigerante quando se tem sede. É muito
estranho não agir da forma que sabemos racionalmente ser a melhor.
Precisamos ser relembrados, por nós mesmos ou por
livros, professores e orientadores, de fazer as coisas mais simples e mais
óbvias. Pagamos muitas vezes para ouvir o que já sabemos que temos que fazer, e
ficamos satisfeitos por ter alguém que preste esse serviço.
É muito interessante observar as coisas que fazemos
e deixamos de fazer para nos sabotar. A mente, sob a influência das forças
inconscientes sabotadoras, encontra razões para justificar ou dar desculpas
para não realizarmos as coisas mais simples que nos seriam benéficas. Quando
algo é bom, mas é pago, não fazemos por que é caro e aí pensamos "ah se
fosse mais barato ou então de graça". Mas aí, quando é gratuito, não
fazemos por que não temos tempo, paciência ou porque dá muito trabalho.
Outra vez um
cliente agendou uma sessão de atendimento comigo. Queria tratar uma questão
ligada a auto-sabotagem. Sabotou-se e faltou a sessão marcada.
Essa força interior sabotadora pode parecer
que surgiu simplesmente do nada. Mas na verdade, ela é um somatório de
sentimentos negativos acumulados durante a nossa vida: medos, ressentimentos,
traumas, mágoas, frustrações, medo de sofrer o que já sofremos no passado. Essa
energia se acumula e gera pensamentos negativos com relação ao futuro e nos
deixa inseguros no dia a dia. A auto-sabotagem é um sintoma. Indica que temos
uma série de fatores emocionais em conflito.
Esses sentimentos são gerados basicamente de
4 maneiras: Experiências negativas que passamos (nos deixam emoções mal
resolvidas não dissolvidas); coisas que ouvimos da família, religião, escola,
jornal, e sociedade em geral (medos e crenças que são ensinadas pelas palavras,
de geração em geração); experiências negativas que observamos de
terceiros que acabam nos marcando emocionalmente em algum nível (nos deixam
medo, raiva, tristeza, frustração) e comportamentos negativos que observamos em
terceiros e que também, em algum nível, nos passam sentimentos e nos marcam
(aprendemos pelos exemplos).
Observe
que todas as quatro formas acima citadas
são mecanismos que nos deixam impregnados de emoções negativas. Por
exemplo. Se formos traídos por alguém (experiência negativa que
passamos), guardamos mágoas
e ressentimentos. Quando ouvimos crenças e palavras negativas dos nossos
pais e
da sociedade em geral, começamos também a sentir aquelas emoções de
medo,
raiva, frustração e etc. Quando vemos alguém passando por situações
difíceis
(um amigo indo a falência nos negócios ou uma relação cheia de briga
entre os
pais) absorvermos também emoções de tristeza e outras. Ao observarmos
comportamentos negativos, aprendemos a nos sentir e agir daquela forma.
A
auto-sabotagem cresce na medida em que essas emoções vão se acumulando. Em um
nível mais baixo de acúmulo, o reflexo em nossas ações e pensamentos será sutil
e pouco prejudicial. Nos níveis mais altos, essa força cresce de forma a causar
preguiça, procrastinação, pessimismo, depressão. Inconscientemente, agimos
negativamente prejudicando nossos relacionamentos, vida profissional e saúde
física.
Certa vez
atendi uma moça que não conseguia manter relacionamentos por muito tempo.
Sentia tanto ciúmes e insegurança que ela mesma resolvia acabar o
relacionamento. Depois ficava frustrada, mas ainda assim repetia o mesmo
comportamento no relacionamento seguinte.
Utilizamos o processo terapêutico com coaching para
trabalhar e dissolver um sentimento de abandono que ela guardava da infância. O
pai havia abandonado a família quando ela era muito pequena, e isso gerou uma
grande insegurança. Após resolver essa questão emocional, seu comportamento
mudou profundamente no relacionamento seguinte, e todo o ciúme e insegurança
foram embora.
Auto-sabotagem. O que falta pra você começar? Antes
ela não conseguia entender a razão daquele comportamento tão sabotador. Agir
daquela maneira parecia uma coisa irracional, sem a mínima lógica. Mas, na
verdade, havia todo um fundamento emocional inconsciente. Ela não sabia que tinha
aqueles sentimentos guardados naquela intensidade, e nem tinha noção de que
aquilo era o gerador de tantos comportamentos negativos.
Em outra oportunidade atendi um homem com um
padrão de comportamento que o levava a autos e baixos constantes nos negócios.
Ele dizia que, quando tudo começava a ir muito bem, surgia um sentimento de
acomodação e preguiça. Isso o levava a perder clientes e tomar atitudes
estranhas que prejudicavam muito seu trabalho. Perdia tudo, ficava endividado,
e depois recuperava e repetia o ciclo. Depois que algumas sessões onde
trabalhamos medos, situações da infância, sentimentos de fracasso de
experiências anteriores, o comportamento sabotador reduziu até desaparecer.
Sempre há uma causa ou várias que nos levam a agir
de forma sabotadora. Nunca é por acaso. Cada ser humano tem a sua
"coleção" emocional negativa que é a base que gera a auto-sabotagem.
É preciso investigar para descobrir e dissolver e, esse processo pode ser
resolvido com terapia quântica e coaching.